Criopreservação: o que é e como deve ser usada

Amostras de sêmen usadas para a técnica de criopreservação

A criopreservação de sêmen humano – ou de espermatozoides – tem como objetivo garantir o potencial fértil de homens que irão se submeter a procedimentos que possam comprometer a fertilidade. As amostras de sêmen são armazenadas em Programa de Doação Terapêutico, cuja finalidade é armazenar estas amostras para futuro uso, por meio de técnicas de Reprodução Assistida.

Segundo Philip Wolff, professor e doutor em Ciências Biomédicas e diretor da Genics Medicina Reprodutiva, a criopreservação é empregada antes de procedimentos cirúrgicos que possam afetar a capacidade do homem em produzir espermatozoides.

Pacientes que serão submetidos a vasectomia ou a tratamentos específicos de quimioterapia e radioterapia também utilizam as técnicas de criopreservação. Isso porque geralmente esses procedimentos causam danos irreparáveis ao tecido germinativo masculino.

Últimos avanços da técnica de criopreservação

“Mais recentemente, a criopreservação de espermatozoides é empregada para armazenar células excedentes proveniente de aspirados do epidídimo ou do testículo. O objetivo é usá-las eventualmente em técnicas de reprodução assistida de alta complexidade (como a Injeção Intracitoplasmática de EspermatozoideICSI).

Os mesmos métodos também são utilizados para armazenar espermatozoides obtidos durante reconstrução microcirúrgica do trato genital masculino (Vasovasostomia e Vasoepidídimostomia). Trata-se de uma provável garantia de resguardar a fertilidade futura do homem”, explica Wolff.

11 Dúvidas frequentes sobre criopreservação de sêmen humano

1. Como é realizada a coleta?

A coleta pode ser realizada em casa e deve ser feita por masturbação, obedecendo a orientação de 2 a 3 dias de abstinência sexual. No entanto, é preciso evitar a perda da amostra durante a coleta. Geralmente são solicitadas três amostras, mas, dependendo da situação, o número de coletas fica a critério do médico e embriologista responsáveis.

Caso não seja possível coletar amostra por masturbação, a clínica ou o laboratório fornece um preservativo especial. Em casos mais severos, a coleta é realizada de acordo com o procedimento indicado pelo seu médico.

2. O processo de congelamento de sêmen implica em risco para o doador?

Não há risco algum em armazenar e criopreservar sêmen humano.

3. Como é realizado o congelamento e armazenamento da amostra a ser criopreservada?

Após a coleta da amostra, esta será encaminhada ao laboratório para avaliação dos parâmetros seminais, de acordo com critérios da Organização Mundial da Saúde.
O processo de criopreservação obedece aos critérios e protocolos desenvolvidos por metodologias estabelecidas pela literatura mundial.

Todas as amostras são mantidas em solução crioprotetora e armazenadas a – 196°C. Elas são identificadas por código de barras e localizadas por intermédio de programa de computador de última geração. Assim, não há risco de perda de material nos containers de armazenagem.

4. Existe um limite de tempo para manter o sêmen criopreservado?

As amostras podem permanecer criopreservadas por tempo indeterminado. Para isso devem ser mantidas a – 196°C e em condições apropriadas de armazenagem.

5. São realizados controles de qualidade em relação à amostra criopreservada?

Sim. Todas as amostras criopreservadas, independentemente do número de coletas realizadas, são submetidas a controles de qualidade. Trata-se do procedimento “congelamento-descongelamento“, que é de vital importância para avaliar a qualidade seminal frente ao processo de criopreservação.

Para realizar este teste, pequenas alíquotas serão disponibilizadas e testadas alguns dias após a realização do procedimento. O próximo passo é a emissão de um laudo da análise qualitativa da amostra pré e pós o descongelamento. Isso tudo sempre seguindo os parâmetros estabelecidos pela OMS.

6. Após o descongelamento há perda de células?

Sim. Todo procedimento de criopreservação acarreta em algum tipo de dano do material processado. Isso significa que, dependendo da qualidade do material criopreservado, pode haver uma perda significativa de 30 a 70% ao descongelar o material.

7. Como faço para utilizar o sêmen congelado?

Após solicitação da amostra, esta pode ser enviada ao seu destinatário congelada ou pronta para ser utilizada em técnicas de reprodução assistida.

8. Quais são os exames solicitados antes de fazer a coleta?

São solicitados os exames de HIV 1 e 2, HTLV-1 e 2, Hepatite B e C, Sifilis.

9. Programa de Doação Terapêutico x Programa de Doação de Espermatozoides: qual é a diferença?

O Programa de Doação Terapêutico é utilizado para armazenar sêmen de pacientes que irão se submeter a tratamentos que possam comprometer a fertilidade masculina ou para armazenar espermatozoides antes de se submeter à vasectomia. Atualmente, também podem se submeter a esse recurso os homens com profissões de alto risco ou aqueles que irão ser submetidos a cirurgias reconstrutoras do trato reprodutor.

O programa de doação de espermatozoides é utilizado para inseminação artificial nas mulheres cujos maridos são completamente estéreis. A doação é um ato de amor, porque não há envolvimento financeiro e a identidade do doador permanece anônima.

10. Como posso ser pai utilizando sêmen congelado?

Após a avaliação da amostra seminal descongelada, esta poderá ser utilizada em técnicas de reprodução assistida. São exemplos de reprodução humana assistida a Inseminação Intrauterina ou as técnicas de fertilização in vitro (bebê de proveta).

11. O uso de espermatozoides congelados e descongelados pode ocasionar algum problema ao bebê?

A utilização de espermatozoides congelados e descongelados não acarreta em nenhum tipo de má-formação do bebê ou problemas no parto. Ela também não oferece tipo algum de risco genético, pois todas as amostras são testadas previamente ao congelamento. Os teste servem para detectar doenças sexualmente transmissíveis. Caso o paciente seja portador, existe a possibilidade de testar o líquido seminal para HIV e Hepatite por metodologias de PCR.

Além disso, contamos com metodologias de dupla lavagem em caso de homens portadores de HIV, sem colocar em risco a parceira ou o futuro bebê.

 

Philip Wolff é professor e doutor em Ciências Biomédicas pela Universidade de São Paulo, diretor da Genics – Medicina Reprodutiva e Genômica e Diretor Técnico-científico do Laboratório Lavitta.

Veja mais: Como escolher a clínica de Reprodução Humana Assistida

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