A Injeção Intracitoplasmática de Espermatozoides (ICSI) foi desenvolvida em 1992 por embriologistas na Bélgica. Desde então, são mais de 33 anos de consagração desta técnica de reprodução humana assistida que revolucionou o tratamento da infertilidade do homem e, se tornou amplamente, utilizada em clinicas de reprodução humana em todos o mundo.
A ICSI é uma técnica avançada de fertilização in vitro (FIV) que consiste na inserção de um único espermatozoide diretamente no citoplasma do óvulo. Esse procedimento se tornou essencial principalmente para casos de infertilidade masculina, sobretudo quando os níveis espermáticos são baixos, quando há baixa motilidade ou problemas morfológicos que dificultam a fecundação de maneira convencional.
Do ponto de vista prático, após a estimulação ovariana e a coleta dos óvulos, os espermatozoides são obtidos, seja por coleta de sêmen (masturbação) ou via biópsia testicular, e avaliados minuciosamente. Um embriologista especializado em micromanipulação seleciona o espermatozoide com os melhores parâmetros e o injeta diretamente no óvulo. Esse método permite que o espermatozoide ultrapasse a barreira da zona pelúcida, facilitando o processo de fecundação e aumentando as taxas de sucesso, especialmente em ciclos de FIV que já falharam com as técnicas tradicionais.
A ICSI, representa um marco na medicina reprodutiva, além de ampliar as possibilidades de alcançar a fecundação em situações desafiadoras, também suscita debates éticos e legais, principalmente no que diz respeito à manipulação do início da vida embrionária e às intervenções genéticas. Tais discussões enfatizam a importância de regulamentações e da reflexão cuidadosa sobre os limites éticos na reprodução assistida. Muitos estudos e avanços tecnológicos continuam a refinar essa abordagem, integrando novos métodos de avaliação e seleção dos gametas, o que eleva o padrão de cuidado e personalização dos tratamentos de fertilização in vitro contribuindo para que casais com desafios de fertilidade tenham maiores chances de obter uma gravidez bem-sucedida.
As taxas de sucesso da ICSI podem variar amplamente de acordo com o cenário clínico e as características individuais dos casais. Em geral, podemos destacar alguns pontos:
- Taxa de Fertilização:
Estudos mostram que, quando os óvulos apresentam uma qualidade adequada, a taxa de fertilização utilizando a ICSI costuma ficar entre 60% e 80%. Esses números refletem especificamente a eficiência em estimular a fertilização, ou seja, a proporção de óvulos injetados que conseguem se fertilizar com sucesso.
- Infertilidade por Fator Masculino:
A fertilização em si permanece na faixa dos 60–80%, e a taxa de gravidez (medida por ciclo ou transferência) pode variar de acordo com outros fatores associados à saúde reprodutiva da mulher. Nos casos em que a ICSI é indicada para superar problemas severos do fator masculino, como baixa contagem, baixa motilidade ou anomalias morfológicas do espermatozoide, os resultados obtidos podem ser comparáveis aos da FIV convencional, mas com a vantagem de uma abordagem mais direcionada. Ou seja, mesmo com espermatozoides de qualidade comprometida, a técnica permite uma fertilização eficaz.
- Influência da Idade e da Qualidade Ovariana:
A idade da mulher é um dos fatores determinantes e, mais críticos na taxa de sucesso do tratamento. Em mulheres mais jovens (por exemplo, abaixo dos 35 anos), os embriões desenvolvidos via ICSI tendem a se apresentar com melhor qualidade, o que resulta em taxas de implantação e nascidos vivos mais elevadas. Na genics, os índices de gravidez por transferência podem chegar a 50% ou mais. Por outro lado, em mulheres com idade mais avançada, mesmo que a ICSI consiga fertilizar os óvulos de forma eficiente, a taxa de sucesso em termos de gravidez e nascidos vivos tende a diminuir devido à menor qualidade dos óvulos e à maior incidência de aneuploidias embrionárias.
- Variáveis do Tratamento:
A tecnica do ICSI, também pode ser utilizada em casos de infertilidade inexplicada, ou em ciclos com baixa contagem de óvulos. Nesses contextos, além da qualidade dos gametas, fatores como o protocolo de estimulação ovariana, a técnica de cultivo embrionário e a eficiência no procedimento de transferência influenciam diretamente os resultados finais. Na genics o protocolo recomenda que a triagem genética (PGT-A) para selecionar embriões euplóides, o que pode melhorar ainda mais as taxas de implantação e o sucesso do tratamento, especialmente em populações de risco.
Em resumo, enquanto as taxas de fertilização com ICSI frequentemente se concentram entre 60% e 80%, os resultados reais em termos de gravidez e nascidos vivos variam significativamente conforme o cenário – principalmente devido à idade materna, qualidade dos óvulos e demais protocolos do tratamento.
Essa variabilidade reforça a importância de uma avaliação individualizada em cada caso, para que a abordagem terapêutica seja ajustada às necessidades específicas do casal.