Trata-se de uma técnica de micro-manipulação de embriões utilizada para facilitar o rompimento da zona pelúcida (camada protetora que envolve o embrião) quando os mecanismos naturais não são suficientes para que ele “ecloda” e possa se implantar no útero.
Essa técnica se baseia na criação controlada de uma abertura ou afinamento da zona pelúcida, preparando o embrião para a transferência e aumentando, potencialmente, as taxas de implantação
Existem três métodos principais para realizar o assisted hatching:
- Mecânico: Realiza-se uma dissecação parcial (o corte manual com micro agulhas e pipetas) da zona pelúcida uma camada protetora composta de glicoproteínas que envolve o embrião (PZD). Essa técnica, embora seja pioneira, demanda habilidade extrema do embriologista para definir o tamanho e a posição exata da abertura, sendo, por vezes, um método menos preciso.
- Químico: usa-se ácido acético ou soluções baseadas em Tyrode, para degradar localmente a (PZD). e facilitar sua ruptura. Esse método pode ser mais difícil de controlar, pois o tempo de exposição e a concentração do ácido precisam ser rigorosamente padronizados para evitar danos e processos inflamatório ao embrião.
- Laser: Utiliza-se pulsos precisos de laser para criar uma pequena abertura na zona PZD). Essa abertura facilita o “hatching” ou a liberação do embrião, permitindo que ele se implante de forma mais eficiente no útero.
Na GENICS, atualmente, usa o sistema a laser integrado a um microscópio invertido, pulsos curtos e precisos são aplicados para criar uma pequena abertura na zona pelúcida, sem contato físico direto. Este método permite mais precisão e controle para o embriologista, que define a energia, a duração dos pulsos e o diâmetro desejado da abertura – normalmente na faixa de alguns micrômetros –, garantindo que apenas a porção necessária da zona seja removida, minimizando o risco de danos ao embrião
O uso do laser para assisted hatching apresenta vantagens em termos de precisão e segurança quando comparado com técnicas mecânicas (como o corte manual com micropipetas) ou químicas (que utilizam meios acidificados para enfraquecer a zona pelúcida).
O método a laser minimiza os riscos de danos acidentais ao embrião, pois o equipamento permite um controle refinado sobre a área e a profundidade da abertura realizada. Essa técnica pode ser especialmente benéfica para pacientes com fatores que dificultem a eclosão natural do embrião, como embriões provenientes de descongelamento ou características de zona pelúcida mais espessa, frequentemente observada em mulheres de idade avançada.
É importante ressaltar que, apesar de promissora, a indicação para o uso do assisted hatching laser deve ser cuidadosamente avaliada por uma equipe especializada. Os resultados podem variar conforme as características individuais dos embriões e dos pacientes. Assim, essa intervenção é realizada somente quando a análise clínica indicar que os benefícios potenciais superam os riscos, sempre como parte de um protocolo personalizado para maximizar as chances de implantação e sucesso da gestação.
Do ponto de vista técnico, ao utilizar o laser, alguns aspectos são cuidadosamente monitorados, como os parâmetros:
- Energia do Pulso: Os pulsos são calibrados em termos de energia ( em micro joules) para assegurar que a abertura seja realizada sem danificar as células embrionárias.
- Duração dos Pulsos: O tempo de cada pulso é extremamente curto (na ordem de microssegundos), permitindo uma ablação precisa do material da zona pelúcida sem acumular calor excessivo.
- Diâmetro da Abertura: A dimensão do orifício criado é cuidadosamente definida (comumente cerca de 10 micrômetros ou conforme os protocolos do laboratório) para possibilitar o escape do embrião sem comprometer sua integridade estrutural.
- Ambiente Controlado: Todo o procedimento é realizado sob microscopia de alta resolução e em condições de temperatura e umidade controladas. O embrião é retirado brevemente da incubadora e manipulado em uma solução balanceada que protege sua viabilidade durante o procedimento.
- Sincronização: em harmonia com o desenvolvimento Embrionário
- Momento técnico da intervenção: pode variar, alguns laboratórios realizam o assisted hatching no dia 3 (células em estágio de divisão) ou no dia 5 (estágio blastocisto), dependendo da avaliação da espessura da zona pelúcida e de outros parâmetros morfológicos.
Essa escolha é feita para maximizar o potencial e a compatibilidade embrionária com o ambiente uterino, especialmente em casos em que a zona pelúcida se apresenta mais espessa, como pode ocorrer em mulheres de idade avançada ou após processos de criopreservação.
Assim, cada técnica tem suas vantagens e limitações, mas a abordagem a laser tem ganhado preferência justamente pela capacidade de oferecer alta precisão e minimizar a manipulação mecânica, o que pode reduzir riscos e aumentar a taxa de sucesso na implantação.
Protocolos padronizados e a experiência da equipe de embriologia são determinantes para a escolha do método e o ajuste fino dos parâmetros, evitando sobrecargas de energia e garantindo a segurança do embrião.