Autor: Prof. Dr. Philip Wolff
A endometriose é uma inflamação crônica e aguda no sistema reprodutor feminino, que atinge cerca de seis milhões de mulheres no Brasil e 200 milhões no mundo. Esses são dados da Associação Brasileira de Endometriose e Ginecologia Minimamente Invasiva (SBE). O endométrio é o tecido que reveste o interior do útero e que descama ao final do ciclo menstrual, caracterizando a menstruação. Na endometriose, este tecido reflui e se implanta fora do útero, atingindo órgãos, como trompas e ovários.
Diagnóstico, causas e tratamento da endometriose
As causas ainda são desconhecidas, apesar de haver diversos estudos sobre o assunto. Existem tratamentos para que a paciente tenha uma melhora e mais qualidade de vida, visto que a doença causa dor crônica física, afetando, inclusive, o lado emocional.
O grande problema da endometriose é o diagnóstico, na maioria das vezes, tardio. De acordo com a SBE, as mulheres levam, em média, sete anos para detectarem o problema. E mais: na maioria das vezes, a doença já está em estado avançado.
A paciente sente muitas dores físicas, mas as confunde, normalmente, com cólicas menstruais. Por isso, demora para identificar o problema e solicitar ajuda médica.
Em alguns casos, a endometriose tem cura. Medicamentos supressores da menstruação ou até mesmo cirurgia podem reduzir completamente os sintomas da doença. Porém ainda não é possível evitar o crescimento do tecido endometrial fora do útero e, por essa razão, a doença pode retornar.
Quais os sintomas da endometriose?
Geralmente pacientes sentem dor ao urinar ou durante a relação sexual. Além disso, são comuns sintomas como cólicas menstruais fortes e progressivas, sensação de inchaço ou dor na região pélvica e dores intestinais. Sem contar a dificuldade para engravidar. O diagnóstico é feito por exames clínicos, bioquímicos e de imagem, como ultrassonografia e ressonância magnética.
Quem tem endometriose pode engravidar?
A endometriose pode gerar infertilidade pelo acometimento das trompas, órgão que conduz o óvulo ao útero, essencial para a fertilização. Segundo a SBE, cerca de 40% das mulheres com endometriose apresentam problemas de infertilidade. Nesses casos, a paciente pode engravidar por meio da Fertilização In Vitro (FIV). Porém, a doença pode apenas dificultar a gestação e não propriamente impedi-la.
Existem mulheres que engravidam naturalmente, mesmo portadoras da doença. Porém, na maioria das vezes, sofrem abortos espontâneos. Segundo pesquisa realizada na Escócia, apresentada no Encontro Anual da Sociedade Europeia de Reprodução Humana e Embriologia, o risco de aborto espontâneo em mulheres com endometriose é 76% maior do que em quem não tem a doença.
Por isso, o primeiro passo é o tratamento por meio de medicamentos. Para isso há os contraceptivos hormonais, que podem ser administrados via oral, injetáveis, ou o DIU – Dispositivo Intrauterino. Há ainda a possibilidade de procedimento cirúrgico, se necessário. A Laparoscopia, uma microcirurgia menos invasiva, é uma opção.
Em alguns casos, terapias alternativas são recomendadas para amenizar a dor, além de exercícios e psicoterapia.
Consultoria: Philip Wolff, professor e doutor em Ciências Biomédicas e sócio-fundador da Genics Medicina Reprodutiva e Genômica. Diretor e responsável legal da Clínica Genics e responsável técnico pelos laboratórios de Andrologia, Embriologia e Criopreservação. Especialista em Biotecnologia pelo Instituto Butantan, mestre em Bioquímica e Biologia Molecular – IQ-USP e Doutor em Ciências Biomédicas – ICB-USP. CRBio 18942/01.
Instagram: @phwolff / Linkedin: philip-wolff
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